Durante um certo tempo foi impossível ir a uma livraria e não
dar de caras com o livro branco, o lettering vermelho gritante e um polegar
impresso em cima do “i” na palavra Sapiens.
Eu diria que, antes mesmo de começar a ler o livro já sabia que era mais
que isso.
Era uma bíblia, que descansava cuidadosamente na mesa de cabeceira dos grandes lideres mundiais, não fosse a contracapa ter um testemunho muito simpático de Barack Obama.
Era uma bíblia, que descansava cuidadosamente na mesa de cabeceira dos grandes lideres mundiais, não fosse a contracapa ter um testemunho muito simpático de Barack Obama.
Começar este livro pode ser intimidante, afinal de contas existe uma
barreira entre o conhecimento cientifico e nós, meros mortais. O que quero
dizer, não é que alguns de nós não entendam processos complexos como a evolução ou
genética, o que quero dizer é que para a maioria é complicado. No entanto o que este livro faz
é agarrar em toda a superioridade e presunção daqueles que erguem a barreira e
dizer “foda-se”, porque qualquer um pode sim, entender. Yuval Noah Harari é
professor de história do mundo na universidade de Hebraica de Jerusalém e o que
ele faz melhor é trocar linguajar difícil e técnico por miúdos.
Harari usa sarcasmo, humor e exemplos do dia a dia para nos explicar
coisas como a economia e religião.
Pensei que ler este livro fosse só um daqueles casos de conversa de circunstancia
em que alguém diz “leu aquele livro?” e eu responde com um ar muito orgulho “claro
que li, por quem me toma?”, mas não. Aprendi.
Capítulos que mais apreciei
Capitulo 5 “A maior fraude da história”
Geralmente aprendemos na escola a importância da agricultura
no mundo moderno, sendo que deve ter sido a maior maldição que caiu sobre a
nossa espécie. Trocamos a liberdade da recoleção pela prisão do campo, ficámos
escravos dos cereais que diminuíram a quantidade de nutrientes necessários a um
bom desenvolvimento e que causaram as maiores perdas da humanidade através dos “anos
maus” e epidemias.
Capitulo 8 “A história não é justa”
Este capitulo oferece (ou tenta) uma razão para o machismo
da sociedade. Os genes patriarcais que carregamos na nossa sociedade não tem,
no fim das três teorias apresentadas, um porquê de existência. Um infeliz acaso
que nos compete mudar, um dia de cada vez.
Capitulo 11 “Visões imperiais”
Este capitulo para mim foi um dos mais interessantes porque
descodifica a religião, e uma das coisas mais “mind blowing” foi o facto de
Harari nos dizer que o Cristianismo não é uma religião monoteísta, como poderia
ser? Os Cristãos acabaram com o politeísmo, impediram o culto a outros deuses,
mas o que fazem eles realmente? Não semeiam o culto aos diversos Santos? Não
será isso politeísmo?
Capitulo 16 “O credo capitalista”
Eu sempre achei confuso o capitalismo, é difícil para mim
entender a economia a forma como o dinheiro faz as engrenagens da sociedade e
neste capitulo, com um pequeno exemplo prático de um empreiteiro, uma padeira e
um bancário consegui, pelo menos entender que o dinheiro que temos não existe,
pelo menos não na totalidade.
Capitulo 19 “E viveram felizes para sempre”
Este capitulo explica-nos como é medida a felicidade e como
esta é diferente para cada pessoa. Oferece
ainda uma pequena explicação sobre o facto de ser tudo uma questão genética, se
nascemos com um baixo nível de felicidade nunca atingiremos momentos de êxtase,
porque é assim que o nosso cérebro funciona. É por isso que muitas pessoas tem
depressão, o seu cérebro atinge níveis considerados baixos demais, que não
permitem que a pessoa seja feliz, mesmo tendo todas as razões do mundo para
isso.