Os Imortalistas de Chloe Benjamin || Opinião

fevereiro 06, 2020

E se soubéssemos a data da nossa morte? Em "Os Imortalistas" Chloe Benjamin reune aquele que é tanto o maior medo, como o maior desejo da humanidade; saber em que dia se vai partir.


Livro: Os Imortalistas
Autora: Chloe Benjamin
Preço: 19,95(na wook), comprei o livro com dinheiro acumulado do cartão, porque este preço é um escândalo...E DEPOIS QUEREM QUE AS PESSOAS LEIAM MAIS!
ISBN: 9789897772023

Foi impossível ler a contracapa de "Os Imortalistas" e ficar indiferente. Quantas vezes nos apanhamos a deambular na corda bamba que é o fim da vida? Quando será? Como será? A única coisa que sabemos é que vai acontecer, e tal como a pergunta de "há vida depois da morte?", a morte em si é também uma resposta que nunca vamos ter.

O cenário que se constrói é simples e aconchegante: uma família judia que vive na zona menos nobre de Nova York. Quatro irmãos entre os 7 e os 14 anos que um dia, descobrem que uma vidente consegue prever a data da sua morte. Por ordem cronológica (porque é importante) os irmãos são: Varya, Daniel, Klara e Simon. E embora a premissa do livro seja que todos eles sabem em que dia vão morrer, há também o facto acreditar. Os dois mais novos acreditam e os dois mais velhos não e assim se passam quase 50 anos, em que Benjamin, ao longo de quatro capítulos principais nos conta sobre as vidas de cada um deles, começando do mais novo, para o mais velho.

Embora a ideia da narrativa seja simplesmente genial, porque honestamente é a coisa mais aliciante do mundo brincar com a morte de uma maneira tão óbvia, senti que a autora, por ser um tópico em si tão pesado, decidiu abordar a narrativa da forma mais leve possível, deixando sempre no ar a perspetiva da data da morte de cada um deles, mas nunca sem que parassem de viver por isso. Aliás, digno de um Scrooge, só quando pressentem a morte, se lembram da vidente com mais pujança e neste caso, aconselho que, ao contrário de mim, não vasculhem o livro, à procura de quando vai começar e terminar um novo capitulo (estraga o efeito surpresa).

A meio disso tudo, é na transição da infância para a idade adulta, que o livro ganha força. É quando o pai, Saul morre atropelado que se começam a desencadear as vidas de cada um, e é um movimento calculado dar o ponta pé de partida, com a morte de alguém, já que o fio condutor das vidas dos quatro se vão unir, sempre dessa forma, quase que num efeito dominó.

E depois dá-se, o partir ao meio da família, onde os dois mais novos são a ponte para a "felicidade", talvez pela despreocupação que os filhos mais novos carregam, no seu olhar sobre o mundo; e os mais velhos, sérios e precavidos sempre incrédulos, com o egoísmo dos mais jovens, são tudo aquilo que é calculado.  

Para ser sincera os meus personagens favoritos foram exatamente os mais novos, Simon e Klara, porque me pareciam muito mais honestos nos seus desejos que os restante, especialmente Klara, que é, sem dúvida a personagem mais forte do livro. Uma jovem destemida, muito ao estilo badass que quer ser ilusionistas, não obstante o que as pessoas possam pensar disso. Para além de ser a personagem que foi melhor construída, é também a que tem o fim mais trágico. 

Olhando para o livro como um todo, aquilo que mais me impressionou foi a forma de escrever de Benjamin, não é simples mas também não é complicada, no entanto, é como se nada fosse escrito por acaso de uma forma tão intrínseca, que se pode ficar cansado só de imaginar o esforço ou talento que uma pessoa pode ter para escrever daquela maneira. 

No entanto, não obstante a forma maravilhosa como escreve, o livro vai perdendo muito da sua magia à medida que avança em direção ao final, sendo que talvez até isso seja proposital; o brilho e ferocidade com os primeiras capítulos são escritos, está à medida dos seus personagens e o facto de Varya ser deixada pra último só pode ser relacionado com isso. A certeza com que sempre viveu, sem se arriscar, faz com que esse seja ao mesmo tempo o derradeiro, mas mais penoso capitulo de se ler.

Se quiserem ler com banda sonora, está aqui a playlist que criei que deu um bom ambiente à leitura. É uma ótima forma de criar memórias afetivas com os personagens e livros. 

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