O desaparecimento de Madeleine McCann || Netflix Opinião
março 18, 2019
O documentário sobre o desaparecimento de Maddie McCann tem
criado um enorme burburinho desde que foi anunciado.
Eu devia ter onze anos quando Maddie desapareceu e sei que
foi um dos casos que mais me impactou enquanto crescia.
Para começar é importante dizer que este documentário
divide-se em 8 episódios, com duração entre 50 e os 70 minutos cada, e que sim, de
facto é longo.
Devo confessar que, no inicio fiquei um pouco desanimada
porque o achei lento, no entanto depois de acabar percebi que me pareceu tão
lento porque eu cresci a ouvir os factos, e que o que a netflix fez, foi um
recontar dos eventos.
Entre o inicio e o momento em que começam a
surgir arguidos, o documentário soa como uma epopeia do desastre que é a policia
portuguesa e é preciso um certo exercício para deixar o nacionalismo de lado e
perceber que não se trata da incompetência da policia portuguesa, mas apenas da incompetência policial.
Depois de deixar isto de lado o documentário faz aquilo que
eu chamo de “belo trabalho de persuasão”, porque a cada novo suspeito eu acreditei sempre que tinha sido "aquele".
Talvez nunca se saiba o que aconteceu realmente, mas pensar em viver com a angustia, de nunca mais ver um filho deve ser a coisa mais dura que retemos de toda esta história.
No fim, este documentário não nos mostra nada de novo, narra-nos a história de uma forma continua, em vez dos pedaços das noticias a que estivemos habituados durante anos.
Link se quiserem ver: https://gostreams.to/episode/the-disappearance-of-madeleine-mccann-season-1-episode-1/
Link se quiserem ver: https://gostreams.to/episode/the-disappearance-of-madeleine-mccann-season-1-episode-1/
Se quiserem saber mais sobre o conteúdo do documentário continuem a ler, senão...obrigada por lerem até aqui!
Robert Murat é o primeiro arguido, e a este segue-se um
informático que tinha contratado, Malinka. A narrativa está tão bem contada que
acabamos o episodio a achar que eles de facto tiveram algum envolvimento... só
para percebermos que são inocentes.
Depois de Mural e Malinka, surgem estes dois cães que se
assemelham a reveladores de verdades proféticas e que declaram que existe
sangue e vestígios de cadáver no apartamento e no carro. Os pais tornam-se
arguidos e começam a surgir comparações ao caso de Joana.
A tese de Amaral é quase perfeita:Um acidentes doméstico
matou Maddie, e livraram-se do corpo algures. Ora isto seria uma equação
perfeita, não fosse o facto do carro onde os vestígios de sangue foram
encontrados ter sido alugado uma ou duas semanas depois do desaparecimento.
Amaral acha que o corpo foi preservado e depois transportado no carro, mas como
é que o casal sairia de casa, em meio ao circo mediático que vivia? Eram mais
concorridos que a seleção, as filmagens de jornalistas em motos e carros atrás
deles é vergonhosa, no mínimo (até a Fátima Felgueiras se sentiu mal depois).
Para além disso o ADN encontrado poderia ser de qualquer um,
não haviam marcadores suficientes para dizer com certeza de que se tratava de
Maddie.
O resto nós já sabemos, os McCann deixaram o país, uns 18
meses depois deixaram de ser arguidos e Gonçalo Amaral ainda teve de os ver
outra vez no tribunal, depois de escrever aquele que foi a bíblia de mesa de
cabeceira de milhões de adultos portugueses.
Depois segue-se um mecenas milionário que ajuda os McCann com fundos de investigação, sucedem-se então empresas de espiões à 007 e claro, vigaristas que se alimentam de desespero.
Os últimos dois episódios são os mais "impressionantes" para mim. Desde relatos chocantes sobre homens a fazer peditórios na praia da luz para orfanatos que não existiam até ao número de crianças que desaparecem todos os anos em Portugal.
Com tudo isto, quero dizer que pelos primeiros cinco episódios
o documentário não nos conta nada de novo, e que pelos últimos três, assusta-nos
a possibilidade de ter filhos. Aquilo que mais vemos no documentário são becos
sem saída, falhanço atrás de falhanço e o desespero dos pais que, toca até o
mais cético dos críticos.
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