SAPIENS História breve da humanidade || Opinião

março 27, 2019



Durante um certo tempo foi impossível ir a uma livraria e não dar de caras com o livro branco, o lettering vermelho gritante e um polegar impresso em cima do “i” na palavra Sapiens.

Eu diria que, antes mesmo de começar a ler o livro já sabia que era mais que isso. 
Era uma bíblia, que descansava cuidadosamente na mesa de cabeceira dos grandes lideres mundiais, não fosse a contracapa ter um testemunho muito simpático de Barack Obama.

Começar este livro pode ser intimidante, afinal de contas existe uma barreira entre o conhecimento cientifico e nós, meros mortais. O que quero dizer, não é que alguns de nós não entendam processos complexos como a evolução ou genética, o que quero dizer é que para a maioria é complicado. No entanto o que este livro faz é agarrar em toda a superioridade e presunção daqueles que erguem a barreira e dizer “foda-se”, porque qualquer um pode sim, entender. Yuval Noah Harari é professor de história do mundo na universidade de Hebraica de Jerusalém e o que ele faz melhor é trocar linguajar difícil e técnico por miúdos.

Harari usa sarcasmo, humor e exemplos do dia a dia para nos explicar coisas como a economia e religião.  

Pensei que ler este livro fosse só um daqueles casos de conversa de circunstancia em que alguém diz “leu aquele livro?” e eu responde com um ar muito orgulho “claro que li, por quem me toma?”, mas não. Aprendi.



Capítulos que mais apreciei

Capitulo 5 “A maior fraude da história”

Geralmente aprendemos na escola a importância da agricultura no mundo moderno, sendo que deve ter sido a maior maldição que caiu sobre a nossa espécie. Trocamos a liberdade da recoleção pela prisão do campo, ficámos escravos dos cereais que diminuíram a quantidade de nutrientes necessários a um bom desenvolvimento e que causaram as maiores perdas da humanidade através dos “anos maus” e epidemias.

Capitulo 8 “A história não é justa”

Este capitulo oferece (ou tenta) uma razão para o machismo da sociedade. Os genes patriarcais que carregamos na nossa sociedade não tem, no fim das três teorias apresentadas, um porquê de existência. Um infeliz acaso que nos compete mudar, um dia de cada vez.

Capitulo 11 “Visões imperiais”

Este capitulo para mim foi um dos mais interessantes porque descodifica a religião, e uma das coisas mais “mind blowing” foi o facto de Harari nos dizer que o Cristianismo não é uma religião monoteísta, como poderia ser? Os Cristãos acabaram com o politeísmo, impediram o culto a outros deuses, mas o que fazem eles realmente? Não semeiam o culto aos diversos Santos? Não será isso politeísmo?  

Capitulo 16 “O credo capitalista”

Eu sempre achei confuso o capitalismo, é difícil para mim entender a economia a forma como o dinheiro faz as engrenagens da sociedade e neste capitulo, com um pequeno exemplo prático de um empreiteiro, uma padeira e um bancário consegui, pelo menos entender que o dinheiro que temos não existe, pelo menos não na totalidade.

Capitulo 19 “E viveram felizes para sempre”

Este capitulo explica-nos como é medida a felicidade e como esta é diferente para cada pessoa.  Oferece ainda uma pequena explicação sobre o facto de ser tudo uma questão genética, se nascemos com um baixo nível de felicidade nunca atingiremos momentos de êxtase, porque é assim que o nosso cérebro funciona. É por isso que muitas pessoas tem depressão, o seu cérebro atinge níveis considerados baixos demais, que não permitem que a pessoa seja feliz, mesmo tendo todas as razões do mundo para isso.

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