Sol da Meia Noite de Stephenie Mayer Opinião

agosto 18, 2020

Há coisas que nunca esquecemos. Eu, por exemplo, não posso nunca, esquecer o auge dos meus 11 anos, altura em que forrei o quarto com posteres do Edward Cullen. Outra coisa que também não podemos esquecer, são as vagas de amor e ódio, que varreram os filmes e livros deste universo perverso e desumano.
Por isso, com uma mão cheia de tempo livre e outra cheia de curiosidade, li as 750 páginas que dão vida a "Sol da Meia Noite". 


Foi a primeira vez que li um livro da saga e encontrei-a, parecida como a tinha deixado na memória dos filmes. Nada feliz. Sempre vi os filmes da saga por alto, mas lembro-me do desalento e da tristeza que pairava sobre o universo de Bella Swan e, aquilo que encontrei nos factos narrados por Edward, foi ainda mais depressivo.
A monotonia de Forks e dos Cullen é levada pela chegada de Bella e, se alguma vez nos pareceu que Edward era forte ou poderoso, cai tudo por terra.
Insegurança e medo são dois adjetivos que caracterizam o tom do livro, aliás, ás vezes a batalha interna de Edward é tanta que damos por nós a sentir que já lemos sobre isso mais do que o necessário e talvez, talvez tenha sido esse o único aspeto que me aborreceu na leitura. Necessário, sim. Aborrecido, de certeza.
Mas, tirando essa pedra, posso dizer que fui sugada para Forks em menos de dois ou três capítulos. A lamechice ou o romance não tem muito espaço nas primeiras 300 páginas e aquilo a que somos apresentados é ao amor sem precedentes de Edward por Bella, um amor tão grande, que para ele se mistura com outros sentimentos tão profundos, que se tornam uma mixórdia de alegrias, euforias, depressões e dúvidas. Chega a ser fácil pensar na sensação de se estar verdadeiramente apaixonado (menos a parte do sangue).
E é fácil descarrilarmos este combóio. E foi isso que li em alguns sites. Um tipo que ama e luta por não matar e manter viva a namorada, que a espia durante o sono... se alguém esperava um salto neste tópico, deixem-me dizer-vos que não existe. Para além de ele sentir culpa pelo comportamento obsessivo, no livro e talvez no género do livro, encontremos uma resposta para o mesmo: É fantasia. É um livro sobre o fantástico. 
É que o tipo é um monstro não é? Os vampiros não sugam sangue e não matam pessoas? Não é isso que vemos em Drácula? Vampire Diaries? Humanos indestrutíveis, com instintos animais? Só que estes Cullen tem um auto-controlo grande e querem viver de acordo com as regras humanas. 
E para ser honesta, ninguém teria tanto azar como Bella Swan na vida real. E ninguém teria tanta sorte para encontrar um tipo como Edward, pronto e com força suficiente para nos salvar de uma carrinha desgovernada, que está prestes a esmagar-nos. 
Honestamente, ao ler o livro, torna-se difícil de o ver como um stalker, dada a sua natureza e condição, e com a quantidade de infortunios que rodeiam Bella, senão fosse por Edward ela precisaria de duas ou três guarda-costas e de uma limpeza astral. Não é humanamente possível alguém ter tanto azar. 
A minha conversa de sempre, um livro de fantasia que as pessoas querem a todo o custo polarizar para a vida real. 
Sol da Meia Noite é um livro de leitura fácil, Stephenie Mayer sabe escrever e é muito (muito) paciente, não atira o barro à parede e espera que cole. Antes, cada pequena revelação, cada coisa que poderia ser bizarra, é contada de forma e na altura certa. São poucas as vezes que desacreditamos ou colocamos em causa a veracidade do universo que ela construiu. A escrita é simples e flui como mel... e por falar em mel! Este livro (graças a Deus) não é uma pieguice pegada! As coisas são naturais e fluidas e há muito mais espaço para conversas e piadas internas do que para uma necessidade sangue suga (piada) de romance a torto e a direito, isso teria feito com que eu deixasse o livro a meio.
Por isso, de uma pessoa que mal consegue ver os filmes, que se torce toda, com os franzir de olhos que fazem com que os vampiros pareçam, na sua maioria miopes, posso dizer-vos que este livro é muito, muito diferente da história que vimos nos cinemas. Pelo menos aqui ninguém anda sempre a semicerrar os olhos.
Edward parece mais humano, Bella menos frágil, uma verdadeira heroína mesmo e, tal como para Edward, a única que é capaz de levantar o nevoeiro depressivo que se abate sobre a leitura.
Este livro, não nos faz particularmente pensar ou refletir (a não ser na imortalidade, que no fim de algum tempo a matutar, descobri que é simplesmente igual a morrer), mas faz-nos passar o tempo. Preferível a ver uma série ou filme, gostei muito mais de ler, do que de ver.










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1 comentários

  1. Tenho muita vontade de ler "Sol da Meia Noite". Algumas amigas minha dizem que o filme é bom e que eu deveria assistir, porém nunca me interessei muito nessa de vampiros. De qualquer modo, ainda tenho uma certa curiosidade e depois de ler o que você escreveu, acho que vou dar uma chance a história.

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