True Story || Opinião

janeiro 26, 2020

Um excelente filme, à margem de "Gone Girl" no sentido de a sensação ser exatamente a mesma; é como se estivesse escuro e não soubéssemos em que lado da cama nos encontramos. 



True Story é exatamente aquilo que significa. Uma história verídica. Um homem é preso e acusado de matar a família (mulher e três filhos), uma versão mais "soft" de Ted Bunker. É charmoso e tem no olhar a profundidade de quem se consegue camuflar e adaptar a qualquer pessoa. 

Quando Christian Longo é capturado pela policia no México, utiliza o nome Michael Finkel, um jornalista do The New York Times que deixa que a sua soberba e orgulho o levem longe de mais, numa peça sobre crianças maltratadas em plantações Africanas. 

Depois de Mike ser despedido, começa toda uma jornada em nome próprio para se recompor do escândalo e isso leva-o a procurar outro, ainda maior. Entre a namorada Jill, e o serial killer podem adivinhar a quem escolheu dedicar a sua atenção.

Quer saber mais sobre o homem que matou a família e utilizou o seu nome, quer saber mais sobre o homem calmo e sereno que quer aprender a escrever como ele.
Pensei seriamente em rechear esta opinião de spoilers mas acho que isso arruinaria o trabalho especialmente bem feito de James Franco, como assassino de crianças e mulheres. 

Há medida que Mike o começa a visitar na prisão, para escrever um livro, surge quase uma dependência entre ambos. O olhar de Longo é matreiro e quase romântico para Mike, e Mike encontra-se sobre o feitiço que leva quase todos os jornalistas à ruína (ou à vitória); o da curiosidade, o de saber a verdade.

Talvez seja presunçoso da minha parte mas nunca há verdade nas palavras de Longo, é como olhar para um camaleão e senti, durante quase todas as conversas entre ambos a serenidade de alguém submisso que sabe estar no controlo. A forma como semicerra os olhos numa tentativa de nos fazer mimicar o gesto fez-me ao mesmo tempo inclinar a cabeça e questionar se teria realmente matado toda a familia, ou se estava à beira de um ataque psicótico. 

É neste balanço suave que se mexe Longo, entre o mortal e o inofensivo e talvez seja arrepiante, mas ele sabe tudo sobre Mike, no entanto, enquanto Mike parece tranquilo quanto a esse facto, a sua namorada começa a sentir-se perseguida pelo homem com que o namorado tanto se interessa.

E é tudo um quase neste filme, é como se quisessem que quase acreditássemos que não é culpado, e ao mesmo tempo quase o é. Mike é quase mau e quase bom, os policias são quase maus e quase bons, a única personagem que se mantém no eixo é Jill e nela senti quase uma siamesa da mulher que tinha perdido os filhos e sido morta por Longo. Como se uma fosse a outra e para ela, Longo nunca foi um quase, foi sempre um tudo.

True Story foi uma surpresa... uma espécie de pessoas indesejada, sem a qual, ao fim de alguns meses já não conseguimos viver. É uma formula de sucesso para mim sendo sincera: jornalista; crime; mentiras e uma dificuldade agonizante de perceber o que é real ou não.

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