Lit.eratura #1 - O Mercedes azul

setembro 21, 2020

O Mercedes Azul



Visto de cima, aquele momento existia em dois pontos diferentes, quase paralelos. Perdida, no meio de um campo de pasto, Luísa estava deitada. A barriga encolhida apontada para o céu e as pernas esticadas, na mesma direção. Os olhos estavam fechados, atentos, ao som das sinetas das cabras. 

Luísa respirava fundo, e como uma criança, afastava o mais que podia os dedos dos pés. De repente deixava cair as pernas, com força, em direção à erva, verde e alta. 

O movimento não durava mais do que uns segundos, que ela desejava e tentava prolongar. Ás vezes, tentava baixar as pernas mais devagar, outras preferia tentar sentir mais devagar.  O resultado era sempre o mesmo. Aquele alivio, aquela sensação de corte, macio entre os dedos dos pés. Ela desejava poder viver entre os dedos dos seus pés, onde o ar era particularmente bondoso. 

E passava horas, naquela incessante repetição. A erguer as pernas e a atirá-las contra o chão, esticadas como as cordas de uma guitarra, quase em ponto de rutura. Ela sabia que sentia sempre o mesmo, mas as suas tentativas de sentir tudo, de conseguir apanhar as sensações, faziam com que se perdesse. 

Luísa, era uma daquelas pessoas especiais, a quem o toque é mais do que o encostar ou sentir da pele. Ela queria descobrir por onde subia, como é que se transformava numa coisa tão boa.

Ao mesmo tempo que Luísa subia e baixava num baloiço inventado por si, uns metros mais acima, a deslizar numa curva, Catarina escorregava dentro do velho mercedes azul do pai. 

Catarina agarrava o volante com uma certa força, esquecida das mudanças, concentrava-se no alcatrão negro, colocado semanas antes. Ela não podia saber disso, pouco se lembrava daquela estrada, mais do que o caminho, lembrava-se do sol e o sol toldava-lhe as memórias. Sabiam-lhe a bem, mas mal as vias. Se erguesse os olhos, por cima dos óculos de sol, teria a mesma sensação, que a acompanhava em criança, quando vinha passar as férias de verão a casa dos tios. 

Catarina e Luísa eram exatamente iguais. Fisicamente, separava-as uma mancha. Luísa tinha um sinal engraçado no lábios, que Catarina agarrara, quando a viu pela primeira vez. Foi amor à primeira vista. As duas meninas tinham ficado espantadas com a sua forma idêntica. Passavam dias a imitar-se. A aperfeiçoar o ritmo das passadas, a imitar o tom da voz. Tocavam nos dedos, uma da outra, como se fossem um espelho.

Fisicamente, separava-as o sinal de Luísa. Em todas as outras esferas, não podiam estar mais distantes uma da outra. Catarina desfilava no meio de uma Lisboa boémia e Luísa perdia tardes a sentir o ar, entre os dedos dos pés, enquanto cuidava de um rebanho de cabras. 

Luísa ouviu o carro que lhe cortou o vento. Foi mais ou menos, como quase adormecer e ter a sensação de que se está a cair. Catarina também sentia isso, mas tropeçava em pedras de calçada, enquanto que Luísa, temia cair dentro de poços.

As cabras assustaram-se, com o barulho do carro e correram a fugir, para debaixo de uma azinheira. Luísa ergueu-se, descalça e arranjou a saia. Ouviu a chiadeira do carro a travar e de repente, de lá saiu uma mulher, exatamente o oposto daquilo que ela própria parecia. 

Tinha um lenço fino na cabeça, uns óculos escuros e um vestido azul, tão vibrante, que mal se distinguia da cor do carro. A mulher baixou-se, tirou os sapatos e desceu a encosta que a separava de Luísa. Quanto mais a mulher aproximava, e quantas mais camadas ia retirando de cima, mas parecia um reflexo.

Um colar de pérolas caiu, engolido, para sempre pelas ervas verdes, que ronronavam nas pernas de Luísa. O lenço voou, tão alto, que até os pinheiros o perderam de vista. Depois os óculos, negros, deixaram adivinhar a Luísa o seu reflexo. 

As duas mulheres ficaram a olhar-se. Por um momento, nenhuma das duas se viu. Sem o barulho do carro, o vento voltou a fazer rugir as árvores e a sineta das cabras voltou a equilibrar a vida de Luísa. Poisou-lhe um mosquito no braço e ela bateu-lhe com tanta memória no gesto, que o pobre inseto foi dar à terra escura, numa bem aventurada viagem, ao inicio. 

Catarina olhou o gesto da prima e por instinto, um tão primitivo como o ciúme ou o amor, quis repeti-lo. Sorriu. Tinha razão em ter vindo até aqui, ainda restava um pedaço seu, no meio do fim do mundo. Ela tinha perdido tudo, menos a criança que fora um dia. Essa não tinha sido magoada, por ela ou pelos outros. 

Luísa sorriu também. Via os olhos verdes, rasgados da outra e era como enfiar a cabeça dentro de um rio.

-O verão acabou.- Catarina deixou que as palavras se espalhassem, como a água, ao fim de uma tarde de rega.

-Mas está já ali, ao virar da esquina.

Catarina rodeou os braços em torno de Luísa. Haviam dez anos que não se viam. A promessa de um regresso ficou a boiar, no tempo que avançou, sem nunca se mover. Porque tudo leva tempo, e o tempo leva tudo. 

Por alguns segundos, minutos, horas, dias ou meses, talvez anos, elas ficaram ali. Fundiram-se numa mescla de vidas que já não conheciam. Conseguiam sentir-se, mas passava-lhes ao lado aquilo que cada uma carregava. Isso intrigou Catarina. Como é que podia estar ali, a abraçar uma amiga, com quem não falava há dez anos e sentir que ela tinha estado sempre ao seu lado? Como é que podia tocar a pele de alguém, sentir o movimento das suas respirações, debaixo dos seus braços e não saber nada, daquilo que já a tinha comovido? 

Não fosse Luísa, igual a Catarina, e teria sido tão fácil reconhecê-la? Ela queria querer que sim. Com o nariz enterrado no cabelo de Luísa, sentiu que o buraco no estômago se ia enchendo. Numa lenta procissão de retrocesso, a sua dor parecia-lhe agora um anacronismo.  

-Porque é que estás aqui?- A voz de Luísa partiu-lhe o sono.

Afastou-se. Eram exatamente do mesmo tamanho. Supunha que fossem exatamente iguais, pelo menos por fora. Supunha também, que teria sido por isso que nunca mais voltou àquela terra. A semelhança das duas incomodava toda a gente.

-Porque estou triste.- Respondeu-lhe por fim. Afastou-se e olhou em volta. O som das cigarras, as sinetas, o vento, a erva e o vento tocaram-lhe a pele e ela percebeu que tinha vindo ver-se, talvez pela última vez. 

-Podes vir comigo?- Estendeu a mão a Luísa, que de repente percebeu, tudo aquilo que agora as separava.

Catarina era elegante, tinha as unhas pintadas, uma pele clara. Luísa tinha as unhas negras, as mãos envelhecidas, e o seu fato de todos os dias, só era trocado ao domingo. 

-Onde? – Agarrou a mão de Catarina e deixou-se ficar a olhar para as unhas escarlates da prima.

-Até ao pego?

-Isso é longe.

As pernas doíam-lhe. Se adivinhava grandes caminhadas, tentava não sentir o vento com tanta força. 

-No meu carro.

Luísa sorriu. Ela nunca tinha andado de carro. Mas de repente, as sinetas roubaram-lhe o rasgo de felicidade. Se deixasse as cabras sozinha, podia adivinhar uma sova. 

Catarina percebeu o problema antes e de repente, as duas raparigas corriam, cada uma de um lado do rebanho. Havia um palheiro, abandonado mais acima. O vento fustigava-lhes a pele e elas enterravam os pés na terra. As cabras foram entrando, qual destino, numa onda bem comportada. 

-Já andaste de carro?- Catarina abriu a porta do condutor e Luísa negou com a cabeça. Parecia demasiado pequena agora, embora ambas fossem altas, uma parecia agigantar-se sobre a outra. 

-Então porque é que não vens conduzir?- Catarina abriu a porta. 

-Eu não sei conduzir.- Não era tanto um som de vergonha, mas sim uma excitação, misturada com modéstia, que tanto embaraça as mulheres em momentos de decisão.

-Claro que sabes!

Luísa sentou, à frente de um volante muito caramelo. Os seus pés, derreteram na forma natural dos pedais e ela esperou, muito quieta, que Catarina se sentasse ao seu lado. 

O som da porta, a fechar-se, fez com que se endireita-se. 

-Empurra o pé esquerdo, todo para o fundo.- A mão de Catarina fez força no seu joelho e ela deixou que o seu pé se afundasse. 

Riu-se. Havia um padrão engraçado no pedal, que lhe fazia cocegas.

-Agora.- Disse enquanto deixava o travão de mão descair.- Levantas esse pé. Muito devagar.

A força que fazia no joelho de Luísa afrouxou. 

-Agora este pé.- Guiou o pé de Luísa para o pedal direito.- Vai fazer força.

Luísa sentiu a troca de poder, de um pé para o outro e o mercedes azul rugiu, vibrou tão alto que lhe perderam o rasto, e depois cuspiu-as, violentamente para frente.

Catarina puxou o travão de mão. 

Luísa tinha o coração a cavalgar-lhe no peito, louco de fúria por não ter por onde se escapar. 

-Outra vez.

-Não!- Catarina afastou as mãos. O volante parecia ferver-lhe a pele.

Custava-lhe respirar e sentia-se presa, dentro do estômago de uma fera.

-Não faz mal! – Garantiu-lhe Catarina, enquanto dava à chave.

Visto de cima, os dois pontos colidiam-se agora, já não havia nada a separá-los. Já não era preciso dividir a atenção entre uma e outra. Já ninguém estava perdido. 

Elas avançaram calmamente, com um sorriso contido, enquanto de vez em quando, Catarina roubava o volante de Luísa e esta se ria.

Luísa, por momentos, sentia-se a pele no meio dos seus dedos dos pés. Pela primeira vez, desde que começara aquele hábito excêntrico de sentir o vento entre os dedos, sentia que conseguia prolongar a sensação, que se perdia nela. 

Não via aquela rapariga, que era exatamente igual a si, desde que tinha dez anos, no entanto não se sentiu pasma por um segundo, quando a viu deslizar por entre a erva. Ficou lá, parada, como se soubesse, desde a última vez que a vira, que ela regressaria, tal como partira. Calmamente, sem a angustia da despedida, ou a surpresa do regresso. É que, é na mentira da promessa, que se acalmam os terrores dos ignorantes, e elas eram duas crianças, sujeitas às mentiras que as fizeram prometer voltarem a ver-se.

Pararam o carro, num caminho sinuoso que teriam de fazer a pé, até ao pego. Bateram as portas com força e foram juntar-se à frente do carro. Luísa olhou para trás, o mercedes azul parecia a olhá-las, uns olhos redondos e sérios. 

Caminharam em silêncio. A saia cinzenta de Luísa resistia às mordidelas das silvas mas, o vestido de cetim azul de Catarina, começou a ceder. Pedacinhos de neve azul, que haveriam de se perder nas profundezas daquelas floresta, até muito depois de nenhuma delas existir.

Ouviram o som da água, e numa coordenada dança, escorregaram pelas pedras lisas, até se sentarem no topo daquele poço gigante. A água estava clara, e a cascata, ao fundo, desenhava círculos que lhes chegavam aos ouvidos. Ficaram ali, a balançar as pernas, para fora do penhasco. 

Catarina riu-se, num sussurro de desdenho. Havia uma animosidade no som, que fez com que Luísa se encolhesse. Lembrou-se das palavras dela “Porque estou triste”

-O tempo é esquisito. É como se nunca tivesse saído daqui.- A voz de Catarina esticou-se, até quase tocar na água. Depois voltou para cima.

-Se calhar nunca saíste.

Luísa sabia que não podia acompanhá-la. Separava-as uma tempestade de sorte, que empurrou o irmão do seu pai em direção ao sul, e puxou o pai de Luísa, que ficou a ver, enquanto o irmão se movia, para trás de onde se punha o sol.

Para um partir, o outro teria de ficar. Ninguém salta de um penhasco, sabendo-se sozinho. Deixa-se sempre alguma coisa.

-Tens razão.- Disse Catarina.- Foi por isso que voltei. Enterrei partes de mim em vários lugares. Quando cheguei ao fim da linha, fui voltando para trás, fui tentando encontrar aquilo que tinha semeado, mas já estava tudo morto. Percebo agora, que só aqui, é que alguma coisa cresceu.

A tristeza movia-se atrás delas. Era escura e rastejava por entre as pedras, parecia-se com uma inundação, latejante e lamacenta, que iria começar a incomodá-las em breve. 

Luísa não sabia muito sobre a tristeza, ou se sabia, não lhe dava nome. Mas Catarina, parecia ter mergulhado tão profundamente na sua, que falava dela (e com ela), como se a intimidade da dor, as tivesse tornado confidentes.

-Não me vais dizer porque é que estás triste?- Se Luísa soubesse, podia dar-lhe conselhos. Conselhos pobres talvez, mas os que tinha para oferecer.

Catarina brincou com um anel enorme, entre os dedos das mãos e por momentos, parecia afogar-se dentro do diamante solitário. Ela tocava no objeto com uma certa raiva, até aquele presente estava envenenado. Até aquela joia desamparada, era um lembrete da sua própria solidão. 

-Porque me perdi.- Sussurrou.- E à bocado, quando te vi, foi a primeira vez, em muito tempo, que senti que existia. 

Catarina achava-se perdida. Tinha saído de casa, às portas de Benfica, de madrugada. Mais ou menos como agora, mas numa escala completamente diferente, a tristeza que a acompanhava, começou a sufocá-la. No quarto, sozinha, sentiu-se afogar. Ela entrou por debaixo da porta, pelas ranhuras das janelas, a dada altura ficou tão alta, que Catarina precisou de esticar o pescoço para cima, a fim de se manter à superfície. 

Agora, ali, havia mais espaço, ela demoraria a encher aquele copo. 

-Não te perdeste, se soubeste vir aqui dar, ao fim de dez anos.- Luísa fez-lhe uma festa nas costas, como fazia aos seus gatos.

Catarina sorriu.

-Tens razão. Palmilhei muito mundo, mas parece que os meus pés continuam aqui, presos.

O silêncio, comeu aquilo que crescia entre elas. Luísa sabia que Catarina era casada, embora não tivesse sido convidada para o casamento. Ela tinha noivado um homem novo, com pinta de vilão, saído de um conto do Eça. Com um daqueles bigodes ridículos, frases feitas, engolidas e cuspidas de gazetas intelectuais. Passava o dia a saltar de paço em paço, com um sorriso tão afiado, que cortava a mais frágil das córneas. 

Luísa tinha ficado magoada, por não ter sido convidada mas, rapidamente a mãe lhe fez ver, o favor que a prima lhe fizera, em não a convidar. Afinal, o que faria uma guardadora de cabras, num casório de classe, na capital?

Catariana odiava o marido, mas odiava-se a si, ainda mais, do que ao prepotente de bigode espetadinho. Ela tinha sido engolida, por ela mesma. Comera cada coisa que adorava em si, e que a fazia diferente. Tinha-se tornado uma sombra, anafada, de si própria. Aquelas pessoas, aqueles elogios, aquelas casas e aqueles carros. Os domingos em frente ao mar, o estalar das ondas, nada disso a satisfazia e foi de repente, que se encontrou à beira da relva, virada para o mar.

Catarina deslizou, pelas janelas duplas, da sua casa de fim de semana, perto da boca do inferno. Foi caminhando, vagarosamente. Os pés enterravam-se na relva molhada. O mar via-a, e temia por ela. Não eram as suas ondas que era perigosas, era tudo aquilo que se erguia atrás dela. 

A casa, agigantava-se sobre ela, como uma vaga tão poderosa, como as ondas do mar. Ela sorriu. O sol rasgou as nuvens, laranja, tão intenso que se tornou preto e ela arrepiou-se. Estava tão vazia. Aquela tristeza que carregava em si, era igual à maré. Enchia e subia ao sabor das suas luas. Quando estava com ela, pelo menos sentia, mas quando ficava rasa, o sabor da miséria empapava-se-lhe na língua. 

As lágrimas molharam-lhe as bochecha, salgadas. Era por aí que se escapava a sua tristeza. Lágrimas negras que a deixavam vazia, que se iam unir ao mar. O céu estava escuro, além daquele rasgo de luz, que tantas vezes se vê na marginal, em dias de tempestade. 

Naquele momento, o mar, esse que sempre existiu, esse que sempre prevaleceu, muito antes de Moisés o dividir, pressentiu-se ser batizado, pelas lágrimas salgadas de Catarina, que o faziam, naquele momento, encolher-se. O mar sentia-se agora rio. 

E Catarina quase o fez, de pés juntos. Quase deixou que o ar, aquele mesmo ar que fazia Luísa regalar-se de cócegas, fosse a última e a primeira coisa que sentisse, quando se deixasse encher de lágrimas. Quando, num movimento natural, o mar a começasse a chorar para dentro.

Agora, sentada ao lado de si mesma, olhava para Luísa. Os seus pés estavam mais perto da água do rio, do que da água salgada naquele dia. Mas ela não sentiu nada. Olhou para o lado, e viu, que pela ponta dos seus dedos, se lhes escapava a tristeza, tal e qual como naquele dia, parada diante da boca do inferno. Ela viu, como caiu e se espalhou na água, como a deixou suja por uns segundos, viu como mais e mais se lhe esvaia do corpo, qual carreiro de formigas.

-Olha.- Disse Luísa, afastando os dedos dos pés, tão longe que pareciam uma estrela do mar. Ela começou a balançar as pernas e Catarina seguiu-lhe o exemplo. 

O estomago de ambas vibrou. O vento lambia-lhes a pele, naquele sitio, tão escondido no corpo, que raramente lhe prestamos atenção. Tão precioso e único, como uma criança. E pela primeira vez, em muito tempo, Catarina riu-se. Riu-se, riu-se, riu-se e riu-se. 

O sol punha-se agora, e a gargalhada dela aumentava, conforme a força com que abanava as pernas, na beirada daquele precipício, que agora não parecia morte, mas sim vida. 

E como um espelho, o dedo indicador direito de Luísa, tocou o indicador esquerdo de Catarina. Elas continuaram, a balançar as pernas, a voar mais e mais alto. O rio foi se afastando, e elas, pareciam de repente a mesma pessoa. 

Ficaram mais e mais distantes, um ponto de reconciliação ao som da água, até que tudo parou, perto do velho mercedes azul, que as olhava, com a consternação de alguém que tinha sentido e visto, demasiada dor. Como um soldado, que regressa a casa, com o alivio de estar de volta, mas com a certeza de que carrega aos ombros, uma carga que nunca poderá poisar. 



Todos os direito estão reservados e salvaguardados à autora do conto.

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