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O Livro dos Baltimore de Joel Dicker Opinião

agosto 25, 2020

 Com um mistério perspicaz, personagens com intelectos bem construídos e um cenário que relembra, em tudo, o sonho americano, Joel Dicker tinha em "O Livro dos Baltimore" tudo, para conquistar qualquer um. 

Não sei exatamente onde começou a minha obsessão com este livro, mas suponho que tenha sido a premissa de uma mesma familia, com dois ramos. Um a pender para a normalidade quotidiana e outro a pender para o luxo, fortuna e sorte. Estes dois ramos, juntam-se pela irmandade, que surge naturalmente entre primos na infância, no entanto, há medida que crescem, aproximam-se mais e mais de um Drama (acontecimento trágico), que mudou para sempre a história da família. 

A narrativa centra-se, ela própria num escritor. Marcus Goldman de Montclaire, um dos primos, que é agora um escritor milionário, a escrever sobre a ruína, daqueles que um dia idolatrou: os Goldman de Baltimore. Marcus, é ao mesmo tempo o foco e orador desta história, cheia de saltos no tempo.

Nesse aspeto, ponto para Dicker que consegue dar um sentido uniforme às analepses de que enche o livro, no entanto (como sempre, pelo menos para mim) o inicio deste livro é difícil, cheio de coincidências instantâneas que nos fazem duvidar da "veracidade" daquilo que se está  passar. O livro, só se começa a desenrolar verdadeiramente, quando somos atirados para o passado luxuoso onde Marcus e os primos, Hillel e Woody viveram.

Uma história de família trágica, que desde o inicio é previsível (uma infância a ver novelas e uma adolescência recheada de Eça), desde o inicio senti este desconforto quanto a Hillel e Woody, que são unidos pela necessidade de sobrevivência em ambiente escolar. Dicker, descreve com tantos pormenor as atrocidades que Hillel sofre na escola, que chega a ser desconfortável, também porque é óbvio que os seus pais, só não fazem nada em relação a isso para proveito do autor e da narrativa.

Entre indas e vindas do passado, de vez em quando somos obrigados a lidar com a vida atual de Marcus, que, ainda tenta desfazer-se do fantasma dessa família rica que perdeu. Estes, são os momentos menos necessários. Engolimos um romance pouco convincente, onde os diálogo, que aliás, foram a pior parte deste livro, se tornam ainda mais fracos. 

No entanto, embora talvez no meu tom se note ressentimento, este livro teve os seus altos, bons e maravilhosos. Quando o autor se concentra em contar-nos a história destes primos, que são tão humanos como qualquer um, que sentem ciúmes, amor, cumplicidade e ódio, o livro atinge o seu pináculo. 

Aventuras como as vimos nos filmes dos anos 80. Laços de amizade, que só existem enquanto o mundo não nos roubou a liberdade, e a atroz honestidade que nos consome quando somos crianças, são muitíssimo bem agarradas neste livro.

Uma tragédia previsível, mas felizmente bem fundamentada. Um destino ao qual nenhum destes três rapazes podia escapar e uma vida, vivida a remar contra a maré. Eles não puderam mudar o mundo. 



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Sol da Meia Noite de Stephenie Mayer Opinião

agosto 18, 2020

Há coisas que nunca esquecemos. Eu, por exemplo, não posso nunca, esquecer o auge dos meus 11 anos, altura em que forrei o quarto com posteres do Edward Cullen. Outra coisa que também não podemos esquecer, são as vagas de amor e ódio, que varreram os filmes e livros deste universo perverso e desumano.
Por isso, com uma mão cheia de tempo livre e outra cheia de curiosidade, li as 750 páginas que dão vida a "Sol da Meia Noite". 


Foi a primeira vez que li um livro da saga e encontrei-a, parecida como a tinha deixado na memória dos filmes. Nada feliz. Sempre vi os filmes da saga por alto, mas lembro-me do desalento e da tristeza que pairava sobre o universo de Bella Swan e, aquilo que encontrei nos factos narrados por Edward, foi ainda mais depressivo.
A monotonia de Forks e dos Cullen é levada pela chegada de Bella e, se alguma vez nos pareceu que Edward era forte ou poderoso, cai tudo por terra.
Insegurança e medo são dois adjetivos que caracterizam o tom do livro, aliás, ás vezes a batalha interna de Edward é tanta que damos por nós a sentir que já lemos sobre isso mais do que o necessário e talvez, talvez tenha sido esse o único aspeto que me aborreceu na leitura. Necessário, sim. Aborrecido, de certeza.
Mas, tirando essa pedra, posso dizer que fui sugada para Forks em menos de dois ou três capítulos. A lamechice ou o romance não tem muito espaço nas primeiras 300 páginas e aquilo a que somos apresentados é ao amor sem precedentes de Edward por Bella, um amor tão grande, que para ele se mistura com outros sentimentos tão profundos, que se tornam uma mixórdia de alegrias, euforias, depressões e dúvidas. Chega a ser fácil pensar na sensação de se estar verdadeiramente apaixonado (menos a parte do sangue).
E é fácil descarrilarmos este combóio. E foi isso que li em alguns sites. Um tipo que ama e luta por não matar e manter viva a namorada, que a espia durante o sono... se alguém esperava um salto neste tópico, deixem-me dizer-vos que não existe. Para além de ele sentir culpa pelo comportamento obsessivo, no livro e talvez no género do livro, encontremos uma resposta para o mesmo: É fantasia. É um livro sobre o fantástico. 
É que o tipo é um monstro não é? Os vampiros não sugam sangue e não matam pessoas? Não é isso que vemos em Drácula? Vampire Diaries? Humanos indestrutíveis, com instintos animais? Só que estes Cullen tem um auto-controlo grande e querem viver de acordo com as regras humanas. 
E para ser honesta, ninguém teria tanto azar como Bella Swan na vida real. E ninguém teria tanta sorte para encontrar um tipo como Edward, pronto e com força suficiente para nos salvar de uma carrinha desgovernada, que está prestes a esmagar-nos. 
Honestamente, ao ler o livro, torna-se difícil de o ver como um stalker, dada a sua natureza e condição, e com a quantidade de infortunios que rodeiam Bella, senão fosse por Edward ela precisaria de duas ou três guarda-costas e de uma limpeza astral. Não é humanamente possível alguém ter tanto azar. 
A minha conversa de sempre, um livro de fantasia que as pessoas querem a todo o custo polarizar para a vida real. 
Sol da Meia Noite é um livro de leitura fácil, Stephenie Mayer sabe escrever e é muito (muito) paciente, não atira o barro à parede e espera que cole. Antes, cada pequena revelação, cada coisa que poderia ser bizarra, é contada de forma e na altura certa. São poucas as vezes que desacreditamos ou colocamos em causa a veracidade do universo que ela construiu. A escrita é simples e flui como mel... e por falar em mel! Este livro (graças a Deus) não é uma pieguice pegada! As coisas são naturais e fluidas e há muito mais espaço para conversas e piadas internas do que para uma necessidade sangue suga (piada) de romance a torto e a direito, isso teria feito com que eu deixasse o livro a meio.
Por isso, de uma pessoa que mal consegue ver os filmes, que se torce toda, com os franzir de olhos que fazem com que os vampiros pareçam, na sua maioria miopes, posso dizer-vos que este livro é muito, muito diferente da história que vimos nos cinemas. Pelo menos aqui ninguém anda sempre a semicerrar os olhos.
Edward parece mais humano, Bella menos frágil, uma verdadeira heroína mesmo e, tal como para Edward, a única que é capaz de levantar o nevoeiro depressivo que se abate sobre a leitura.
Este livro, não nos faz particularmente pensar ou refletir (a não ser na imortalidade, que no fim de algum tempo a matutar, descobri que é simplesmente igual a morrer), mas faz-nos passar o tempo. Preferível a ver uma série ou filme, gostei muito mais de ler, do que de ver.










Olá

agosto 03, 2020

Já lá vai um tempo, desde a última vez que escrevi aqui. É estranho porque raramente penso que alguém lê o que escrevo, não sou muito ativa na comunidade de bloggers que ainda escrevem, não encontro em mim a capacidade de pedir ou fazer parecerias com outros blogs e para ser sincera, leio apenas um ou dois, talvez venha dai a péssima veia para isso. 

Mas, de vez em quando salta-me uma mensagem no instagram "tenho atualizado todos os dias, a ver e publicas" e por isso, por essas pessoas que me fazem sempre sorrir, achei que devia vir aqui, falar  escrever um bocadinho. 
É certo que não são muitos os que vão passar por aqui os olhos, mas se fosse eu, desse lado e depois de tudo o que tenho experienciado, ia gostar de ler isto.
Terminei agora a minha licenciatura, passei, aqueles que julgo os melhores três anos de aprendizado da minha vida escolar. Mas durante este terceiro ano, tão caótico, primeiro porque era tudo novo e tão experimental e depois, pela pandemia que nos varreu, senti-me sempre de costas para a praia, a bombalear as pernas de frente para o mar. A onda vinha longe, se quiserem, vinha para lá do Bugio. Mas eu adoro o mar, não lhe resisto, sinto-me sempre tão leve, sendo dramática sinto-me sempre a gravar um filme espacial, onde o meu peso não significa nada. E eu via a onda. A vida foi uma sequência de pequenas ondas das quais me safei bem mas, eu não estava a ver o que vinha a seguir àquela.
Licenciei-me em ciências da comunicação. Fui boa e horrível, ri-me e chorei. Numa boa cena de hollywood, quando fechei a porta do estudio depois do meu primeiro direto a televisão, senti o gelo da porta nas costas e chorei. 
E hoje, depois de vários dias, semanas, que já cá estavam antes de desligar a última chamada de zoom em aula afundei-me na angustia de não saber o que vinha a seguir. Existem cursos, licenciaturas mais naturais que a minha. Existem caminhos mais bem traçados, mas o meu está tão aberto, que deixei a costa lá atrás e estou a tentar, a tentar encontrá-la de novo. 
Ando perdida entre mestrados, estágios, televisões e revistas, ideias excêntricas de ter uma loja online ou publicar um romance. Parto-me em sonhos e desfaço-me em incertezas. Há pouca vida e poucas Saras. Espero revirar-me os olhos daqui a dez anos a ler isto. A Taylor Swift não escreveu um hino para os loucos 22 anos porque sim. Realmente, a ruina, a adrenalina, o amor, a esperança, o medo dançam-nos nas veias. 
Os 22 fizeram-me ficar sozinha, sentada na relva, no meio do parque das nações a pensar em nada, com tudo a correr-me debaixo da pele. 
O medo não me está a dominar, não o sinto, mas é sempre assim, faço-lhe festas quando ainda é pequeno, e de repente, o meu amor alimenta-o com tamanho egoismo que lhe perco o controlo. E coloco tudo em questão.
Sou boa pessoa? Ainda sei escrever? Apaguei-me? Sou boa jornalista? Sei falar bem? Tenho futuro, ou estou condenada a viver para sempre com medo da sombra de uma coisa que ainda não tenho, mas da qual o medo já tomou conta?
Estes, foram pensamentos que tive antes de entrar na faculdade, e talvez os inicios e fins de ciclos sejam isso mesmo, regados de nostalgia por aquilo que um dia, já foi um bicho de sete cabeças. 
Boa sorte, para mim, para nós.

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