Lemos porque gostamos, ou porque somos obrigados?

abril 23, 2020


Enquanto me debruçava sobre o teclado, para concluir a compra do livro "Guerra e Paz" por momentos pensei "estou a ler isto porque quero, ou porque é necessário?". Não que vá morrer senão o ler, não é obviamente uma questão de vida ou morte, mas é interessante, como ao longo dos anos, especialmente numa transição entre a adolescência e a idade adulta, a leitura se transforma. 
Se olhar para os livros e géneros que me marcaram, tenho de começar na Anita, uma infância querida e recatada no interior de frança, passar para livros como "Mar, azul mar" que me introduziram a uma leitura mais adolescente e "pesada". Jogos da fome que me enviaram numa espiral de distopias e mais tarde a euforia partilhada pela minha geração de ler as "Cinquentas Sombras de Grey" ás escondidas. 
Cada um destes estados foi recebido, melhor e com mais curiosidade que o anterior. 
Dizem que crescemos e perdemos a magia. Não é que a percamos, é que ela nos perde a nós. Os livros que me conquistaram continuam lá, mágicos como sempre o foram, só que já não me despertam. 
E acho que comecei esta transição no inicio da faculdade, a cada livro como "1984" ou "cem anos de solidão" me aproximo mais da curiosidade de saber do que tanto falam os "adultos" e menos daquilo que antes me fazia passar noites em branco.
Virei noites a ler "odeio-te, amo-te" e ainda hoje é um dos meus romances favoritos, no entanto podem ter a certeza que demorei muitas semanas para ler "cem anos de solidão", mas não consigo, nem posso compara-los. E realmente essa magia e o exercício de pensar enquanto se lê é difícil, mas de alguma forma, no final, o sentido de obrigação que nos levou a ler tudo até ao fim, dá-nos uma energia quase etérea.
Só falo disto, porque é algo com o que me deparo de vez em quando. Antes de escolher "guerra e paz", parei por cinco segundos a babar-me para cima de "O Expresso do Oriente" 
Honestamente, mesmo enquanto penso nisto sinto o amargor das minhas palavras, afinal que tipo de idiota se forçaria a ler alguma coisa? Suponho que eu, agora nenhum dos meus antigos livros me cativa o suficiente e os novos me parecem uma jornada difícil. 

ps- talvez este seja um post que não incentive (aparentemente) muito à leitura, mas quando partilhei que livros li e me ajudaram a formar o gosto pela leitura, estava a tentar demonstrar que, realmente, passamos por muitas mudanças. 
Mesmo que, muitos dos livros que li já não encontrem os meus interesses hoje em dia, fizeram com que eu gostasse de me fechar naqueles mundos e nada os desmerecesse, aliás, hoje em dia, quando me sinto particularmente nostálgica pego neles e perco-me em algumas páginas. 


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