Retromania: o tempo on demand
julho 14, 2019Atualmente, a cultura contemporânea parece saída da toca do coelho branco,
somos inundados por estímulos do passado, fazendo-nos questionar se estará o mundo a
avançar ou a retroceder e o que mais poderá ser desencantado desta toca, também ela
cada vez mais confusa quanto ao seu espaço e tempo.
De certa forma é como se o tempo estivesse on demand, ao serviço da boa vontade da cultura pop contemporânea, que já não consegue esconder a sua fascinação pela cultura pop do passado segundo Simon Reynolds.
Nem a palavra vintage, nem a palavra retro nos remetem para o futuro, no entanto nos últimos anos a cultura popular tem sido revestida por estas palavras. Vende- se a contemporaneidade por palavras que descrevem o passado e a verdade é que isso se tem provado uma fórmula de sucesso.
Se em termos vinícolas uma colheita vintage é sinónimo de algo apurado com o tempo, especial e quase irrepetível, o mesmo não se pode aplicar ao momento cultural que vivemos.
Mas, não é de todo estranho que estes fenómenos surjam. Como espécie somos marcados pela necessidade de olhar pela janela do passado, a nostalgia pessoal e histórica faz parte da estrutura social em que vivemos. Repetimos e passamos tradições de gerações em gerações até que deixem de fazer sentido e sintamos a necessidade de explorar novas vertentes. Na verdade, a nostalgia nada mais é do que um exercício existencial, que busca identidade e significado, uma espécie de arma contra conflitos internos.
No entanto, esta retromania tornou-se um dilema com o controlo digital de que dispomos, uma viagem ao passado feita apenas com alguns cliques aqui e ali, alimenta uma proximidade histórica a passados recentes, mas também a períodos demasiado distantes para poderem residir na memória individual e coletiva da maioria dos indivíduos.
O contemporâneo tem sofrido com ataques sucessivos do passado tornando a linha do tempo demasiado ténue para ser seguida. Então o que é o contemporâneo? Estará algo de novo a ser produzido ou estaremos a viver aquilo a que Simon Reynolds, autor do best-seller Retromania, considera “nada, além de um retrovisor imaginário”, o
que nos leva a assumir, nas palavras do mesmo que “estamos a fazer uma reciclagem
cultural”.
Então de onde surgiu esta tendência cultural de voltar ao passado no tempo presente?
Como Reynolds diz no inicio do seu livro, sempre existiu uma fascinação cultural pelo passado, um olhar histórico esclarece sobre os elementos góticos inspirados no medieval. No entanto é preciso ter em linha de conta que estes eram períodos de arrastado desenvolvimento, ao contrário do que acontece atualmente, em que o tempo não deixa margem para erro.
A reciclagem cultural sempre existiu, no entanto, a exigente insistência da sociedade
global pelo novo, faz com que os ciclos de renovação sejam cada vez mais curtos, levando à deterioração agravada tanto da atualidade como do futuro.
Desta forma, a única solução para acompanhar este regresso ao passado, é através da materialização do mesmo, sobrando como últimos sobreviventes o vintage e o retro.
Assim, é preciso distinguir que o vintage e o retro remetem ambos para uma vertente do passado, mas que, enquanto um se centra na temporalidade da peça e do aumento do seu valor com a passagem do tempo, o outro é um renascer adaptado aos dias de hoje de um objeto que pertenceu ao passado.
Vintage
A palavra vintage surgiu pela primeira vez no século XV, uma derivação do francês arcaico vendange, ligada à cultura vinícola. Geralmente utilizada para designar ou uma colheita de uvas especialmente apurada ou para nomear uma seleção de vinho do Porto de qualidade especial.
Ao longo dos séculos novas formas de aplicar a palavra foram sendo tecidas, desde carros a mobiliário, mas foi durante a década de 50 do século passado que surgiu em associação à moda e à cultura de forma mais alargada.
Então de onde surgiu esta tendência cultural de voltar ao passado no tempo presente?
Como Reynolds diz no inicio do seu livro, sempre existiu uma fascinação cultural pelo passado, um olhar histórico esclarece sobre os elementos góticos inspirados no medieval. No entanto é preciso ter em linha de conta que estes eram períodos de arrastado desenvolvimento, ao contrário do que acontece atualmente, em que o tempo não deixa margem para erro.
A reciclagem cultural sempre existiu, no entanto, a exigente insistência da sociedade
global pelo novo, faz com que os ciclos de renovação sejam cada vez mais curtos, levando à deterioração agravada tanto da atualidade como do futuro.
Desta forma, a única solução para acompanhar este regresso ao passado, é através da materialização do mesmo, sobrando como últimos sobreviventes o vintage e o retro.
Assim, é preciso distinguir que o vintage e o retro remetem ambos para uma vertente do passado, mas que, enquanto um se centra na temporalidade da peça e do aumento do seu valor com a passagem do tempo, o outro é um renascer adaptado aos dias de hoje de um objeto que pertenceu ao passado.
Vintage
A palavra vintage surgiu pela primeira vez no século XV, uma derivação do francês arcaico vendange, ligada à cultura vinícola. Geralmente utilizada para designar ou uma colheita de uvas especialmente apurada ou para nomear uma seleção de vinho do Porto de qualidade especial.
Ao longo dos séculos novas formas de aplicar a palavra foram sendo tecidas, desde carros a mobiliário, mas foi durante a década de 50 do século passado que surgiu em associação à moda e à cultura de forma mais alargada.
O vintage como o conhecemos hoje deu-se num reacender dos loucos anos 20 durante o ano de 1957, devido ao retorno do êxito dos casacos de pelo de guaxinim pelas mãos de uma verdadeira influencer da altura. Sue Salzman, mulher de um prestigiado arquiteto e professor universitário conhecida pelas glamorosas festas no prestigiado bairro Greenwich Village em Nova York fez com que a tendência, que antes tinha sido esquecida pelo caos da guerra, virasse uma febre. Rapidamente lojas como Lord&Taylor e Macy’s começaram a referir-se a estas peças como “vintages”, cunhando a palavra com a conotação que hoje lhe atribuímos.
Hoje a palavra abrange significados que vão muito além da moda ou do vinho, brinquedos, jogos, séries, livros, música, o regresso do passado é inevitável, agora que o vintage se voltou a instalar no trono da cultura pop.
Retro
A palavra retro encontra a sua origem no latim, o seu uso e simbologia como a entendemos é recente.
O termo surge em França em 1960, como um derivado da palavra retrospetiva, e designa um estilo cultural que outrora fora um hábito do passado.
Está ligado principalmente ás artes e baseia-se na cultura popular moderna, está também ligado à estética pós-modernista.
O retro nada mais é do que o uso do passado de forma informal, uma reintegração às massas de aspetos cultuais reconhecíveis pela memória, daquilo que foi um passado recente.
Em certos aspetos é o fetiche consciente de uma época ou momento no que se refere a roupas, musica, design e da sua recuperação através do pastiche.
Como se encaixam estes fenómenos na cultura contemporânea?
Tudo começou no período da pós-modernidade com a fragmentação dos sujeitos enquanto peça social e a globalização cultural e económica que o período do segundo pós-guerra trouxe à sociedade.
Segundo Stuart Hall em a Identidade cultural na pós-modernidade, no final do século XX, as paisagens culturais começaram a modificar-se e fragmentar-se, transformando a ideia do individuo para algo descentrado. Assim o sujeito pós-moderno é composto e transformado continuamente pelos sistemas culturais que o rodeiam.
No entanto a cultura circundante pende cada vez mais para uma homogeneização global, a identidade cultural está a colapsar para dar lugar ao pluralismo e ao efémero.
A demanda pelo novo, característica que só tendeu a crescer, e se tornou uma constante na sociedade de consumo, fez com que o que é novo depressa envelheça, não permitindo que a história tome o seu tempo.
Isto reflete-se na velocidade com que as tendências desaparecem e aparecem, quanto mais acelerada é a cultura, mais o novo é ambicionado. Só que o tempo necessário para fazer história é demasiado curto para satisfazer a necessidade crescente do “agora”, por isso a sociedade recorre à memória histórica, à recriação e reciclagem do passado.
Se em parte estes fenómenos são motivados pela nostalgia pessoal, de quem viveu nos anos que são agora objeto de revivalismos como as décadas de 80 e 90, existe uma crescente onda de nostalgia história, de quem que nunca viveu naquele período, mas sente uma profunda conexão com o mesmo.
A única solução para satisfazer não só os caprichos da nostalgia histórica, mas também da rapidez com que as tendências são exigidas por uma camada consumista cada vez mais agressiva, é a reciclagem cultural.
“O que parece ter acontecido é que o lugar que o Futuro ocupava no imaginário
dos jovens criadores de música, foi substituído pelo passado”
O retro está a disponibilizar-se em grande escala, ao contrário do vintage que encontra o seu valor no intemporal e, por conseguinte, na autenticidade.
As redes comerciais, produzem em larga escala um alimento cultural aperfeiçoado para o meio mainstream que se traduz na utilização do retro, em catálogos como os do IKEA, a montras e publicidades da H&M.
Segundo Reynolds, esta obsessão pelo passado está a tornar-se um veneno, mais do que um antidoto para as necessidades culturais. O novo desaparece em prol daquilo que já existe e tudo aquilo que surge é uma ode ao passado como explica Reynolds num artigo para o The Guardian, “O que parece ter acontecido é que o lugar que o Futuro ocupava no imaginário dos jovens criadores de música, foi substituído pelo passado: é lá que está o romance, com a ideia das coisas que se perderam. A graça, hoje, não é a descoberta, e sim a recuperação”.
Enquanto Reynolds vislumbra os traços negros desta reciclagem cultural, Gilles Lipovetsky, em A Era do Vazio encara o processo como característico da era pós- moderna, dizendo que já não se trata de inventar algo novo, mas de integrar todos os estilos. A época pós-modernista aceita a personalização e ecletismo, onde as ideologias rígidas já não vingam, segundo o mesmo “O revivalismo pós-moderno inseparável, por certo, do apetite generalizado pelo rétro, mas cuja teorização explícita revela que a sua significação não se esgota numa simples nostalgia do passado. O que está em jogo é outra coisa: o pós-modernismo não tem como objetivo, nem a destruição das formas modernas, nem o ressurgimento do passado, mas a coexistência pacífica dos estilos, a anulação da oposição tradição-modernidade.”
Embora não faltem lados a tomar neste terreno pouco explorado, é quase certo poder dizer-se que a contemporaneidade como a conhecemos sofre de um antagonismo crónico. Se o presente é a época mais futura que vivemos no momento, então atualmente o nosso está minado pelo passado. Houveram em tempos, movimentos minados pelo novo, pelo desconhecido, pelo velho ditado “primeiro estranha-se, depois entranha-se”, aqueles considerados incompreendidos que se tornaram vanguardistas, no entanto, esses momentos-chave, deixaram de ser tão difíceis de estranhar e entranham- se relativamente rápido agora que o novo é velho.
Se este é um problema, a resistência é pouca. Na verdade, esta febre do passado recente está cada vez mais ligada a atividades do quotidiano e os exemplos multiplicam- se.
Design
É impossível prever quando velho vai voltar a ser novo...de novo, no entanto tudo o que já foi moda uma vez, vai voltar a sê-lo, especialmente pelas razões enumeradas a cima.
Um dos melhores exemplos disso mesmo, e que de certa forma influencia tudo o resto é o design retro moderno.
O retro moderno inspira-se na tendência dos anos 60, 70 ou 80 e recria os padrões, cores e modelos das épocas. Este revivalismo é alavancado pelo fator
nostálgico que guia a conexão entre o desing e o consumidor, que se identifica quase de
forma automática com o produto final.
A marca sueca IKEA dedicou linhas de produção ao design retro de peças que hoje, no estado original são consideradas ícones vintage. De forma cronológica, as linhas de móveis de edição limitada, são o refazer de objetos icónicos entre as décadas de 50 e os anos 2000.
A diretora criativa da marca afirma que “Alguns dos produtos são ícones vintage que, atualmente, podemos encontrar por todo o lado! Continuo a comprar produtos IKEA vintage em leilões e lojas de artigos em segunda mão. Há muitas pessoas que desejam artigos com uma história e um legado.”
A marca sueca IKEA dedicou linhas de produção ao design retro de peças que hoje, no estado original são consideradas ícones vintage. De forma cronológica, as linhas de móveis de edição limitada, são o refazer de objetos icónicos entre as décadas de 50 e os anos 2000.
A diretora criativa da marca afirma que “Alguns dos produtos são ícones vintage que, atualmente, podemos encontrar por todo o lado! Continuo a comprar produtos IKEA vintage em leilões e lojas de artigos em segunda mão. Há muitas pessoas que desejam artigos com uma história e um legado.”
No entanto, ao contrário de todas as restantes
industrias, os videojogos têm inerente uma
particularidade quase ingénua, é que esta, é de facto a
primeira era nostálgica que se verifica entre os
jogadores. Os videojogos como os conhecemos estão
naquilo que, em anos humanos chamamos “meia
idade”, são demasiado recentes para poderem ter tido
várias vidas.
Assim chegou a altura ideal para as empresas como a Nintendo se apoderarem
dos seus velhos artigos e despertarem o fator nostalgia nos consumidores que são,
finalmente velhos o suficiente para sentirem saudades dos péssimos gráficos e de jogos
sem grande dinâmica.
No entanto não é apenas o fator retro que têm despertado o interesse dos jogadores pelo passado, existem verdadeiros colecionadores no meio que pretendem, mais do que adquirir novas versões dos jogos, poder ter e sentir a experiência de como era jogar na década de 70.
No que toca ao vintage dos jogos, o Magnavox Odyssey, o primeiro videojogo do mundo, lançado em 1972 é uma verdadeira relíquia. O jogo no seu estado original fazia-se acompanhar de peliculas para colar ao ecrã da televisão, e cartas que simulavam um jogo de tabuleiro. Existem verdadeira disputas online por uma consola destas em perfeito estado e os valores podem atingir os 9.000€.
Ao contrário do que se passa nas restantes industrias, os videojogos ainda se encontram na sua época dourada, e esta necessidade de reviver está mais aliada ao sentimento de saudade, do que propriamente de esgotamento de conteúdo.
Séries
Torna-se ligeiramente menos catastrófica a distinção entre o que é retro e vintage nas séries, ou pelo menos o termo não é tão amplamente utilizado. Muito em parte o responsável por este acontecimento é o streaming. Fenómenos culturais como Friends, That 70’s Show e Full House voltaram à ribalta décadas depois do fim graças a serviços como a Netflix, que fez mais do que a demanda popular exigia, entregou não só as séries que fizeram as graças de gerações anteriores, mas criou séries com o espirito eterno dos anos 70.
Séries como Stranger Things e Riverdale são alguns dos prodígios que se apoderaram do visual e história das décadas passadas e tornaram o culto retro um verdadeiro fenómeno de consumo mediático que apela à nostalgia de uma das gerações mais melancólicas de sempre, os millenials.
No entanto os serviços de streaming, fizeram mais do criar e explorar o visual retro e vintage. Perpetuaram o desejo pelo mesmo unindo gerações.
Friends foi uma das séries mais vistas no ano de 2018 na Netflix, levando a
empresa a apagar 100 milhões de euros pela renovação do contrato que permitia a sua
exibição, no entanto a maior fatia de espetadores estava entre pessoas jovens demais
para poderem ter recordações da mesma, não sendo este um caso de nostalgia pessoal.
Este ímpeto pelo vintage vem reforçar a ligação entre gerações vizinhas que se juntam agora à volta do ecrã para ver séries como Stranger Things ou Gilmore Girls. Outro fenómeno muito comum da cultura retro segundo Reynolds são as reunions, no caso da música o desejo muito forte de uma legião de fãs para que uma banda ou dueto se junte depois de fim anunciado. A Netflix conseguiu, em dois casos distintos despertar e satisfazer a ansiedade de fãs em todo o mundo quando em 2018 lançou uma fornada de novos episódios no spin-off de Full House, agora chamado de Fuller House que se precipita para dentro da mesma casa em São Francisco, mas desta vez na atualidade, com as irmãs DJ e Seth como as adultas em apuros.
Em 2016 a mesma proeza levou o serviço de streaming a reunir todo o elenco de Gilmore Girls, numa demanda de satisfazer a curiosidade dos fãs quanto à vida atual da mãe e filha que fizeram as delicias da geração de 2000.
A nostalgia nunca foi tão rentável como atualmente.
Moda
O ciclo e a moda conjugam-se na maior harmonia. Não há nada tão cíclico como a moda, e a prova disso são as indas e vindas de tendências que jurámos não voltar a ressuscitar, mas que reapareceram, cuspidas pelos anos 80 e 90 nas montras e catálogos de moda. Jardineiras, bombazine, calças à boca de sino e a cintura alta, foram algumas das peças que voltaram para nos provar que não há nada tão vivo como a moda.
No entanto, é exatamente o facto de as marcas fast fashion adaptarem tendências passadas aos tempos modernos, que torna a dissonância entre o retro e vintage tão marcadamente diferente no campo da moda.
O retorno do vintage à moda foi uma lenta ascensão, vista com maus olhos especialmente nos anos seguintes à segunda guerra mundial, era visto como símbolo de desfavorecimento social. O seu crescimento está, em muito, ligado ao rápido ciclo de uso e abuso da industria atual da moda, que aniquila o valor das peças, tornando-as vulgares e poucos exclusivos, o que leva uma crescente margem de consumidores a procurar a aura singular de um item de luxo que segure dentro de si vida.
Este ímpeto pelo vintage vem reforçar a ligação entre gerações vizinhas que se juntam agora à volta do ecrã para ver séries como Stranger Things ou Gilmore Girls. Outro fenómeno muito comum da cultura retro segundo Reynolds são as reunions, no caso da música o desejo muito forte de uma legião de fãs para que uma banda ou dueto se junte depois de fim anunciado. A Netflix conseguiu, em dois casos distintos despertar e satisfazer a ansiedade de fãs em todo o mundo quando em 2018 lançou uma fornada de novos episódios no spin-off de Full House, agora chamado de Fuller House que se precipita para dentro da mesma casa em São Francisco, mas desta vez na atualidade, com as irmãs DJ e Seth como as adultas em apuros.
Em 2016 a mesma proeza levou o serviço de streaming a reunir todo o elenco de Gilmore Girls, numa demanda de satisfazer a curiosidade dos fãs quanto à vida atual da mãe e filha que fizeram as delicias da geração de 2000.
A nostalgia nunca foi tão rentável como atualmente.
Moda
O ciclo e a moda conjugam-se na maior harmonia. Não há nada tão cíclico como a moda, e a prova disso são as indas e vindas de tendências que jurámos não voltar a ressuscitar, mas que reapareceram, cuspidas pelos anos 80 e 90 nas montras e catálogos de moda. Jardineiras, bombazine, calças à boca de sino e a cintura alta, foram algumas das peças que voltaram para nos provar que não há nada tão vivo como a moda.
No entanto, é exatamente o facto de as marcas fast fashion adaptarem tendências passadas aos tempos modernos, que torna a dissonância entre o retro e vintage tão marcadamente diferente no campo da moda.
O retorno do vintage à moda foi uma lenta ascensão, vista com maus olhos especialmente nos anos seguintes à segunda guerra mundial, era visto como símbolo de desfavorecimento social. O seu crescimento está, em muito, ligado ao rápido ciclo de uso e abuso da industria atual da moda, que aniquila o valor das peças, tornando-as vulgares e poucos exclusivos, o que leva uma crescente margem de consumidores a procurar a aura singular de um item de luxo que segure dentro de si vida.
Na verdade, a demanda por certos objetos é
tanta que as próprias marcas haute-couture se veem
obrigadas a trazer de voltas objetos há tanto perdidos
nas memórias de lojas vintage, como foi caso da mala
Saddle da marca Dior, renasceu das cinzas, 20 anos
depois de ter sido considerada “morta” pela industria da
moda.
O futuro Cultural
O ritmo global, tornou-se de tal forma frenético, que o ciclo de vida útil da cultura é cada vez mais curto, tornando difícil a satisfação da crescente necessidade pelo recente. Se de um anacronismo crónico se trata, a solução encontra-se cada vez mais distante, e as previsões dos críticos não são otimistas. As questões que permanecem são, até quando poderá o mesmo coelho ser tirado da cartola, sem que alguém note que tem sido sempre o mesmo? E que tipo de crise cultural despoletará esta nostalgia histórica? Talvez nada de horrível aconteça e este seja só um período perdido no tempo, mas isso não significa que os recursos estejam a esgotar-se, um pequeno regresso ao passado de cada vez.
O futuro Cultural
O ritmo global, tornou-se de tal forma frenético, que o ciclo de vida útil da cultura é cada vez mais curto, tornando difícil a satisfação da crescente necessidade pelo recente. Se de um anacronismo crónico se trata, a solução encontra-se cada vez mais distante, e as previsões dos críticos não são otimistas. As questões que permanecem são, até quando poderá o mesmo coelho ser tirado da cartola, sem que alguém note que tem sido sempre o mesmo? E que tipo de crise cultural despoletará esta nostalgia histórica? Talvez nada de horrível aconteça e este seja só um período perdido no tempo, mas isso não significa que os recursos estejam a esgotar-se, um pequeno regresso ao passado de cada vez.
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