A epopeia do 10 years challenge
janeiro 18, 2019
Esta coisa do “10 years challege” ou do pobre ovo que ganhou a corrida de likes contra a Kylie Jenner... mas porque é que afeta assim tanto as pessoas?
Isto faz-me lembrar a teoria da espiral do silencio que, muito resumidamente funciona assim: A maioria das pessoas tem uma opinião e aquela minoria que não concorda, acaba com duas opções, ou finge que concorda com a maioria ou se cala. Mas eu não me quero calar.
Porque é que eu não posso adorar o facto de o ovo ter a foto com mais likes do mundo?
Porque é que eu não posso partilhar uma foto engraçada minha de há 10 anos atrás?
I’m no master mind, e claro que me preocupo com o estado do ambiente, mas partilhar as minhas fotos num espaço que por acaso foi feito para isso (o instagram era um espaço de partilha entre fotógrafos, que permitia o formato analógico na fotografia digital) vai mudar exatamente o quê? O meu clique num like de uma foto não vai salvar animal nenhum, não vai acabar com a pobreza do mundo ou com a injustiça que condena a nossa sociedade. Em certos casos ajuda, temos exemplos disso, mas são casos muito pequenos.
Porque é que ninguém condena os seus influencers preferidos quando estes publicam uma foto com o seu nada patrocinado outfit? Porque é que ninguém lhes pergunta por quanto tempo é que tencionam usar aquele casaco antes de fazer um vídeo para o youtube intitulado de “desapegos”?
Porque aquelas são pessoas incríveis, com plataformas incríveis e trabalhos incríveis... e se os acusares de uma cena assim estás a ir contra a maré.
É melhor sentir superioridade em relação aquele colega dos escuteiros ou da primárias que ainda segues, porque vamos ser sinceros... ele não tem 30.000 seguidores.
Vou ser clara, não estou a criticar as influencers e o estilo de vida delas, muito menos as pessoas que colocaram aquelas fotos do ártico a derreter, estou a pedir que estas pessoas com teorias fantásticas reflitam. É necessário tanto furdúncio? Eu preocupo-me com o mundo, com os animais, e tenho consciência de que o caminho que seguimos enquanto humanidade está errado, mas eu não posso apontar isso a ninguém porque eu não sou exemplo. Eu consumo produtos envolvidos em plástico, uso papel indevidamente todos os dias quando recebo um talão, como carne, ando de carro, gasto eletricidade que não vem de uma fonte verde... a lista é infinita. Mas eu tento, tento gerar pequenas mudanças no meu dia-a-dia.
Eu sigo um youtuber chamada “Levi save the world” e o slogan dele é que não é preciso ser-se um herói para salvar o mundo. A mudança vem de ações, não de palavras vazias que constroem correntes nas redes sociais.
Vou dar-vos um exemplo prático na minha vida.
Há um ano vi uma noticia, sobre a quantidade de animais aquáticos que morriam não só com o estomago cheio de plástico, mas em especial com escovas de dentes. E aquilo ficou-me na cabeça. Porque é que os meus dentes andavam a matar tartarugas? Fiz uma pesquisa rápida e percebi que havia maneiras de contornar a situação, que não envolviam eu ficar com caries. Desde aí que não troco de escova de dentes, e não, não está podre.
Comprei-a no Celeiro, é feita de plástico PLA, e a embalagem é completamente biodegradável e a cabeça da escova é feita sobretudo por matérias renováveis e o melhor, é removível. Então eu não troco a escova, troco a cabeça da escova. Não é perfeito, o composto ainda não é todo completamente reciclável.
Ainda não é a situação perfeita, nem todo o material é biodegradável, mas só o facto de eu não trocar de escova de dois em dois meses é incrível!
E isto é minúsculo (tal como não usar sacos ou beber de uma garrafa de vidro em vez de uma de plástico), mas causa um impacto no meu microcosmo. E é real. Não é uma fotografia para a internet.
ps- Para que fique claro, o problema não é trazer consciência ao estado do planeta, são as razões que despertam essa consciência, como um ovo, ou uma fotografia de quando éramos mais novos.
ps- Para que fique claro, o problema não é trazer consciência ao estado do planeta, são as razões que despertam essa consciência, como um ovo, ou uma fotografia de quando éramos mais novos.
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