Mary Shelley || Opinião
outubro 22, 2018
O meu maior medo com este filme era
que fosse muito lento por ser um filme biográfico, já que Mary Shelley foi a
escritora de uma das maiores obras de sempre, Frankenstein. No entanto não foi
isso que encontrei. A narrativa é rápida e nada difícil de compreender. Os
atores misturam-se tão bem com as personagens que é impossível olhar além disso
mesmo.
A jovem Mary de 16 anos tem um amor
enorme pela escrita e leitura do terror, e tal como em todos os clássicos
existe uma madrasta má preparada para lhe fazer a vida negra, difamando o
passado da sua falecida mãe, uma ativista dos direitos das mulheres. Mary vive
numa aura familiar pesada e triste sendo que as únicas pessoas com quem parece
ter um mínimo de afeto são o seu irmão e meia irmã Clarice.
Uma briga com a madrasta afasta-a deste
cenário e é na Escócia que conhece Mr.Shelley, o poeta por quem se apaixona e
vive o romance típico da época, cheio de floreado e palavras enfadonhas. Este
romance sofre um fim abrupto com o regresso de Mary a casa.
No entanto a jovem
é surpreendida quando o seu amor surge na forma de protegido do seu pai, um
livreiro.
É nesta ocasião que descobre que o
seu romance é de facto uma mentira aos olhos da sociedade, já que Mr.Shelley é
casado e tem uma filha.
Mary acaba por fugir com este e com
a irmã e a partir desse momento uma espiral de felicidade embriagada e fúria vigorosa
surgem na vida do casal liberal. Mr.Shelley é todo ele uma alma do mundo e Mary
surpreende-se com isso. A sua vida é uma tragédia continua, exceto, quando em
determinados momentos temos lampejos daquilo que viria a ser a sua obra. O seu fascínio
por monstros e terror parece colocado em suspenso no filme quando, na minha
opinião está apenas a ser cozinhado pelas amarguras da própria escritora. A
perda de um filho, as traições do marido e a própria incompreensão das suas
crenças geram o monstro mais famoso de todos os tempos.
Claro que como uma mulher de 18
anos o seu manuscrito é negado vezes sem conta, e apenas publicado na condição
de anónimo com prefácio escrito pelo marido. O seu sofrimento e o seu trabalho
são desvalorizados por ser mulher e quando pensei que tudo iria de facto
fechar-se com a injustiça ao qual as mulheres foram condenadas durantes séculos
o seu marido oferece cartas à verdade.
No final, a minha opinião sobre o
filme é muito boa, adoro a forma como caracterizam o sofrimento real de Mary e
a sua luta pelo reconhecimento sendo uma jovem mulher num tempo tão de luta
pelos direitos das mulheres, dando um certo sentido de legado continuado ao que
a sua mãe tivera antes de falecer.
O filme termina com o
reconhecimento merecido de Mary e a sua obra.
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