Muitas vezes apanho-me a pensar, porque é que a palavra “desistir” é sempre associada a algo pejorativo. Algumas coisas incríveis da vida vêm de muito esforço, é verdade, mas também é verdade que ás vezes a melhor coisa a fazer é baixar os braços. É desistir.
Vou contextualizar. Se for muito radical dizerem que vão desistir, chamem-lhe mudança de planos. A verdade é que na vida já fui confrontada com situações em que não quis desistir, para provar algo a alguém que não fosse eu mesmo, e vou ser sincera, não correu bem.
A vida mexe-se em sentidos estranhos e muitas vezes temos tanto medo do que vão pensar se desistirmos que fazemos força para manter a vida nos eixos, quando tudo aquilo que é preciso, é um descarrilo violento para fora dos trilhos.
Durante toda a vida, a sociedade nos diz que quem desiste são os falhados, mas alguém alguma vez fala da importância de desistir da coisa certa? Da pessoa certa? (entendem certo? Do género não gostam de matemática, mas gostam de inglês, a coisa certa a deixar ir é matemática).
Somos obrigados a manter relações superficiais com pessoas que não nos acrescentam para podermos parecer borboletas sociais, despedaçadas por dentro porque daquelas cinquenta pessoas à nossa volta nenhuma nos aceita como somos? Somos obrigados a ficar num curso que é ótimo para o mercado de trabalho, mas que nos faz chorar, antes de ir apanhar um transporte publico que, nos leve até à faculdade? Somos obrigados a isso, porque não podemos desistir? Ás vezes, desistir não é só a melhor coisa a fazer, é mesmo a coisa certa a fazer.
Eu tinha tanto medo de desistir do meu primeiro curso da faculdade, o que é que as pessoas iam pensar? Que eu era fraca. E fui fraca, fui fraca quando desisti, quando entrei numa nova faculdade, quando falei pela primeira vez em frente a uma turma nova... mas a parte boa é que me corei dessa fragilidade, aos poucos, devagar. Desistir daquilo que não nos faz bem é o primeiro passo para algo melhor. As pessoas temem o fracasso quando deviam saber que é dai que aprendemos.