Como tudo acaba: Netflix || Opinião

julho 15, 2018




Créditos da foto: Netflix


Recentemente estreou na Netflix um filme chamado “Como tudo acaba”, estrelado por Theo James e Forest Whitaker.

Estava entusiasmada porque há imenso tempo que não via nada do Theo James, no entanto todo o meu entusiasmo foi por água a baixo quando passados 40 minutos de filme percebi que para mim ainda estávamos na introdução.

O filme passa-se naquilo que eu presumo ser um apocalipse na terra. Terramotos, tsunamis, tempestades, avisões a cair. Theo James que no filme é Will, junta-se ao sogro para atravessar o país e encontrar Samantha, a namorada grávida.

Como senão bastasse termos caído de paraquedas numa relação familiar complicada, sentimos que todas as personagens são uma piada de mau gosto, o cumulo da despreocupação com os laços entre o espectador e as vidas ali retratadas. 

Senti-me o filme inteiro como se tivesse entrado no cinema a meio da sessão e ninguém me conseguisse explicar nada. A história não faz sentido nenhum, perde-se em detalhes que nunca são explicados. Estes acontecimento que referi acima; terramotos, tempestades, etc... em vez de servirem como estimulantes ao telespectador só causam um aborrecimento maior pela falta de explicação do que se passa.

Quando finalmente a rapariga é encontrada  e está com um vizinho que a salvou parece novamente que somos arrastados para uma história que começou do fim para o meio.

Não há inícios em “Como tudo acabou”. Talvez essa seja a proposta do filme, mas fica de tal forma um trabalho desarticulado que parece que os produtores, argumentistas, realizadores, todas as pessoas envolvidas fizeram o trabalho em casa e no fim juntaram tudo como num trabalho de secundário. Uma completa confusão que nem bons atores conseguiram salvar.

Só não consigo decidir qual é pior, “Como tudo acaba” ou “Tomorrowland”. Estes são os dois filmes que até hoje considero impossíveis de ver.

Orgulho e Preconceito || Opinião

julho 01, 2018




Existe algo de relaxante em ler clássicos. Já li alguns portugueses, ingleses, americanos... todos tem o toque suave e calmo que caracteriza um tempo menos apressado no que toca à narrativa.

Orgulho e preconceito é o livro ideal para quebrar a pressa a que estamos habituados nos livros de hoje. É um livro que nos testa a paciência e nos faz, tal como a Lizzy, enamorar devagar por Darcy.

Desde que li Mulherzinha que senti que se alguma vez mais precisasse de um livro para me acalmar, deveria escolher um clássico. A minha sede por orgulho e preconceito começou quando a minha mãe se decidiu a ver uma novela da Globo, “Orgulho e paixão”. Uma história “inspirada” no clássico de Jane Austen.
Então, na feira do livro encontrei o livro com uma boa promoção e comprei. 

Ainda estava na faculdade então foi difícil começar, mas todas as noites deixava-me embalar pela narrativa calma de Austen.

Não sei se será apropriado fazer um resumo, mas aquilo que melhor caracteriza o livro são sem dúvida os seus personagens. O enredo é bom, mas as personalidades distintas que Jane é capaz de colocar em duzentas páginas são impressionantes. Observar Lizzy lutar contra a sociedade que recrimina enquanto se encaixa na mesma, e analisar a sua viagem até à descoberta pela verdade de Darcy dá-nos a impressão de que somos parte da sua consciência.

Eliza é mais contida do que na novela que mencionei a cima o que de certa forma me fez querer não ter visto a novela primeiro. No entanto para a época o seu espirito rebelde e forma de ver o mundo choca as pessoas à sua volta. A sua recusa a dois pedidos de casamento é talvez a chave que caracteriza o seu espirito indomável perante uma sociedade cheia de padrões e exigências, onde o casamento era a única saída para uma rapariga de família.

Uma das coisas que me deixou com um sorriso no rosto foi a forma como no fim, a própria Eliza descobre que está apaixonada, porque é tal e qual como eu acho que acontece. Não se dá por nada, de repente só queremos que a pessoa esteja no mesmo espaço que nós, queremos ser alvo das suas atenções e transformamos todos os seus gestos num jogo interno de “mal me quer, bem me quer”.

Darcy é Darcy, percebo agora que muitos dos heróis literários nos romances atuais são inspirados no seu caracter, e que mesmo eu, sem nunca ter lido o livro, fui contagiada por ele na construção dos meus personagens masculinos.

Darcy é aquilo que se procura e desprocura num homem. É como picar um ninho de vespas e esperar que elas não nos piquem de volta. Orgulho e preconceito é um jogo de sedução calmo e sereno que pela sua narrativa lenta nos faz mergulhar num mundo que já não é o nosso.

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