O que é português, é tão bom!

julho 16, 2020

Quantas vezes, não nos apanhamos num consumo desenfreado de conteúdo internacional? Bom, para quem, como eu, cresceu numa posição estranha, onde ninguém via cinema português, onde as séries/novelas eram sempre "mais do mesmo" e a música se resumia aos mesmos gatos pingados de sempre... estes últimos meses foram bons para colocar tudo isso em perspetiva. 

Por isso, aqui ficam alguns tesouros portugueses que encontrei nos últimos meses:

Podcast/rádio

Nesta categoria, temos dois. O "HÀ conversa" e "Grande Reportagem", ambos da Antena 1.
O primeiro, é conduzido por José Candeias que, através de um telefonema fala com as gentes das terras que se espalham pelo nosso país. Lembro-me de acordar muito cedo e de ouvir, ao longe, no rádio dos meus pais, as histórias das pessoas, todas elas diferentes, mas sempre dispostas a partilhar um bocadinho da sua vida. 
Há tanta história e talento em todas as pessoas, que este programa desfaz a necessidade de se fazer valer de figuras populares para conseguir audiência. São pessoas, a falar para pessoas e para quem estudou jornalismo isto é bem capaz de ser o ápice de todos os nossos desejos.

"Grande Reportagem" é mais ou menos como aquelas peças que surgem no final de um jornal de sexta ou segunda feira na televisão... só que para se ouvir. Este foi um dos tesouros que o nosso professor de rádio nos apresentou. Fazer reportagem em rádio é algo tão sensível, tão pessoal. Não há imagens que nos distraiam de textos "mais ou menos" e aquilo com que somos deixados, são realmente obras de arte. A minha preferida foi a última que ouvimos "pass'à bola". Fala-nos de uma equipa de futebol, que foi criada para juntar miúdos de dois bairros "rivais" em Lisboa. Para além do futebol explora as carências e histórias de vida das pessoas que ajudaram a construir o projeto e daqueles que habitam no bairro da Horta Nova e Quinta do Cabrinha.


Televisão


Devo confessar que desde miúda que fui "obrigada" a ver as séries da RTP, mas tornou-se um gosto que apanhei com o "Conta-me como foi".
Embora tenha gostado desta nova temporada que saiu este ano, nada ultrapassa o primeiro episódio em que o Carlitos se auto diagnostica com cancro nos ovários. Esse é episódio que vai e não vai, vamos todos ver à RTP Play ou ao Youtube.
Para além disso, agora temos a passar o "Terra Nova", às quartas feiras. Para alguém que não tinha ficado muito agrada com a série "A espia", esta nova série foi uma lufada de ar fresco. A série acompanha a vida e preparação de uma comunidade piscatória, que prepara os seus homens para irem à pesca do bacalhau.


Música


Estava eu a preparar-me para mais uma temporada da série "encontrar alguém que queira dar uma entrevista", quando encontrei a "Bia Maria". Confesso que já me tinham recomendado ir ouvir e fui. Fui e foi como um rufar de tambores. Música que conta história e um EP "Mal me queres, bem te quero" que conta uma história. A Bia revelou-se, não só uma entrevistada incrível e cheia de personalidade, como cativou toda a gente à minha volta que a ouviu cantar. Por isso, deixem já o que estão a fazer e procurem por ela no youtube ou spotify!

Redes Sociais


Queria e não queria, trazer para aqui as redes sociais. Queria porque nas contas e com as pessoas certas surgem debates interessantes e não queria, porque me surge logo o estigma das influencers e isso deixa-me um sabor estranho debaixo da lingua. 
No entanto, nestas ultimas semanas, existiu uma que me fez não só pensar, como expressar melhor as minhas opiniões quanto a um tema em especifico. 
Helena Magalhães, escritora do livro "Raparigas como nós" tem trazido tópicos interessantes para cima da mesa, quanto à literatura portuguesa ou, como gosto de lhe chamar, "des"literatura; tudo aquilo que não é erudito e escrito por grandes pensadores do nosso país. 
Eu adoro ler bons clássicos, e tenho até certas expectativas sobre aquilo que um livro precisa de carregar em si, mas a verdade é que, como todo o comum mortal, ás vezes também me apetece ler outro tipo de coisa. Ficção e ficção escrita por portugueses, especialmente mulheres, dificilmente sai dos circuitos paralelos de publicação e edição de livros. 
Não há espaço para alguém que queira simplesmente escrever, por escrever e ler, por ler. Está tudo muito estruturado, o pensamento e ideia daquilo que é bom e mau está de tal forma enraizado no sistema editorial português que pura e simplesmente não há espaço...

Ficam aqui algumas sugestões, umas que me foram incutidas por pessoas sábias, outras que descobri sozinha, mas tudo coisas que me fazem querer aprender mais sobre a arte no nosso país.


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